segunda-feira, 24 de março de 2008

Memnarca

MEMNARCA

Se há um artefato que deveria ser abominado, este artefato é o Mirari. Guerras foram feitas por causa dele e cada um de seus antigos donos teve um terrível destino. Ele foi o responsável por milhares de mortes quando estava inanimado e por mais milhões delas quando lhe foi concedida uma nova vida.

Quando Karn transformou um componente do Mirari no constructo chamado Memnarca, ele pensou que estava corrigindo um erro. Ele pensou que dando vida ao artefato ele criaria uma criatura que pudesse sentir remorso dos seus atos, um herdeiro capaz de aprender e evoluir. Ele estava errado. Ao invés de criar um herdeiro, ele criou uma abominação. Ele criou uma entidade que não tem senso de certo ou errado, um monstro que poderia dominar o medo das pessoas pelos incontáveis séculos seguintes.

"Agora eu sou o guardião. Vamos ver o que esse mundo tem a oferecer." Memnarca foi nomeado guardião de Argentum logo depois que Karn abandonou o plano com Jeska, seu novo guardião. Por décadas Memnarca vagou solitário pelo plano, admirando a beleza artificial que seu criador criou. Ele estava fascinado pelos blinkmoths. Diferente das características de Argentum, os blinkmoths não seguiam um padrão previsível e depois de cada ciclo eles simplesmente desapareciam. Memnarca repetidamente ponderou a perplexa questão mas não foi capaz de achar uma resposta. Todavia, os tempos de inocência de Memnarca logo chegariam ao final.

"Chegou a hora de deixar minha marca em Argentum."

No palácio Galdroon, o lar de Karn, Memnarca encontrou uma mancha preta de óleo no chão. O guardião prontamente a limpou, mas de alguma forma o óleo entrou nos seus sistemas. Enquanto o óleo invadia sua matriz de força, Memnarca subitamente experimentou uma série de pensamentos, que provavam o quanto estava errado em não agir logo. Então ele descobriu que Karn fez errado em nomear aquele mundo de Argentum. Ele descobriu que Karn estava errado em criar um mundo estéril e metálico. Memnarca traria nova vida àquele local. As pessoas seriam suas. Ele renomearia Argentum como Mirrodin e seria seu Deus.

"Argentum é um terrível nome para esse lugar."
"Irei eu mesmo nomear este mundo, irá se chamar Mirrodin."

O guardião começou a trabalhar na transformação de Argentum em Mirrodin. Ele adicionou características, como o Emaranhado, os campos cortantes, o mar de mercúrio, Mephidross e as montanhas de Óxida para os futuros habitantes deste plano. Depois, quando o plano já estava apto a ser habitado, problemas surgiram. Enquanto ele estava ocupado criando os lugares, uma praga chamada Mycossintetizador chegou no seu mundo, transformando metal em carne e carne em metal. Memnarca tentou lidar com a ameaça criando uma raça de poderosos golems para combater a praga. Não teve sucesso. Muitos golems foram destruídos e outros tantos se perderam nos terrenos inóspitos daquele plano.

Para soprar vida no seu plano morto, Memnarca construiu armadilhas de alma, engenhosos mecanismos que aprisionam almas e corpos de criaturas vivas. O guardião enviou esses mecanismos através dos planos, trazendo uma variedade de criaturas para seu mundo. Foi através deste sistema que os humanos Auriok, Neurok, Moriok, Vulshok e Sylvok chegaram a Mirrodin, assim como estranhas criaturas: Vedalkeanos, Loxodontes, Elfos, Leoninos, Trolls, Ogres, Lobos e Goblins. À medida que as criaturas chegavam ao plano, o Mycossintetizador mudava suas formas para melhor se adaptarem aos novos ambientes. Primeiramente, Memnarca prestou muita atenção aos seus estilos de vida, cuidadosamente gravando seus rituais, hábitos e comportamentos. Sua raça favorita eram os Vedalkeanos.
Se as histórias nos ensinaram algo, este algo é que esta perfeição não iria durar. As tragédias do reino de Serra e Phyrexia são exemplos do que pode ocorrer com Mirrodin. Memnarca logo percebeu que Mirrodin poderia entrar em colapso, igual a todos os planos artificiais. Um dia, quando a energia de Mirrodin estivesse exaurida, o plano e todos os seus habitantes poderiam ser extintos. Um planejamento era necessário para salvar os habitantes e preservar o local.

Depois de vários séculos de classificação, Memnarca foi enlouquecendo devido à ausência de Karn. Ele desenvolveu um estranho líquido, o qual era coletado dos blinkmoths e chamado de soro. Ele divulgou os segredos desta criação com os vedalkeanos, que o consideraram por isso um Deus. Mas Memnarca não se importou com isso, ele desejava evoluir para planinauta (aquele que não morre pela idade e pode viajar pelos planos) como seu criador, Karn. Com o poder do soro em suas mãos, Memnarca foi transformado de um curioso compulsivo para um lunático alucinado. Ele criou milhares de criaturas artefato, as quais ele colocou na superfície do mundo para agirem como seus espiões.
Silenciosamente, Mirrodin transformou-se. O núcleo de mana, que sempre foi a fonte da energia de Mirrodin, entrou em erupção 4 vezes. Em cada uma delas lançando uma lua em órbita. Foi assim que as luas vermelha, preta, azul e branca foram criadas. Memnarca não estava apto a explicar o estranho fenômeno e muito menos as pessoas. Conforme os anos passavam e novas gerações chegavam, lendas começaram a ser construídas sobre os satélites de Mirrodin. Apenas Memnarca e outros poucos sabiam que as lendas eram falsas.
Séculos passaram e as raças em Mirrodin começaram a evoluir. Nos Vedalkeanos cresceram dois braços extra e o soro os transformou em monstros calejados e cruéis sobrepujadores. À semelhança de Memnarca. Durante os anos, Memnarca modificou a si mesmo, através de duas pernas extra e mais seis olhos. Contudo o Mycossintetizador perturbou seus corpo com a frágil carne, mas isso não afetou a perspicácia de sua mente. Memnarca então começou a consumir uma tremenda quantia de soro, e começou a ficar viciado nele.

Sob a influênciado do soro, Memnarca pensou que seu criador finalmente tivesse retornado. Ele achou que depois do uso excessivo do soro, ele pudesse experienciar visões de Karn, que o guiava em sua longa jornada através do planinautismo. Memnarca aprendeu a história da ascensão de Karn. Há centenas de anos, uma raça de horrores mecânicos invadiu Dominaria, a terra natal de Karn, trazendo com ela a praga Phyrexiana. A praga cresceu desenfreadamente e num ato final de desespero Karn e seu criador, outro planinauta chamado Urza sacrificaram a si mesmos. Eles construíram uma arma e se auto-sacrificando para abastecê-la uma luz cegante atravessou Dominaria, limpando-a da praga. Urza sucumbiu, mas sua centelha planinauta sobreviveu. No ardor da explosão, Karn ascendeu. Memnarca não tinha nem os conhecimentos nem os recursos para construir tal arma, mas ele sabia que o núcleo de mana seria suficiente para sua ascensão. Ele acreditava que sacrificando a si mesmo e a uma criatura possuidora de uma centelha planinauta ele poderia elevar seu poder de tal forma que seria possível destruir a praga Mycossintetizadora. Para ajudá-lo nesta meta, ele construiu Panóptica, uma onipotente fortaleza no interior de seu mundo no local onde a lua verde deveria surgir. Tudo o que ele precisava agora era de uma centelha planinauta.
Memnarca logo descobriu um dos mais fortes metais do multiverso - o aço negro. Ele encontrou isso na repentina mistura do pó de blinkmoth com mágica, que resultou na criação de um metal escuro imune ao dano e ao calor. Ele usou esse conhecimento para construir um grande mecanismo chamado de o Olho de Aço Negro, que o possibilitou ver toda a superfície de Mirrodin. Ele também construiu um homem de metal chamado Malil, que era baseado no seu desenho original como um tributo a Karn, para trabalhar como seu servo.

Muitos ciclos lunares depois, Memnarca ficou atento a uma criatura que poderia realizar seus desejos de ascensão. Esta criatura era uma elfa, e seu nome era Glissa Perscrutadora do Sol. Memnarca observou os movimentos de Glissa através do Olho de Aço Negro, esperando em uma mistura de temor e expectativa enquanto a elfa destruía seus niveladores. Ele observou enquanto Glissa cruzava seu plano, fazendo novos aliados e perigosos inimigos. Ele também observou quando Glissa chegou perto procurando respostas e a verdadeira identidade do assassino de seus pais. Glissa causou incontáveis danos à armada artefato e ao império vedalkeano. Durante uma rixa no estabelecimento Neurok de Medev, dúzias de aeroplanos foram perdidos sob as ondas do mar de mercúrio. Mais dano foi causado quando Glissa atacou Lumengrid, a fortaleza capital dos vedalkeanos. Apenas algumas horas após o ataque, Janus, o líder do sínodo vedalkeano estava morto e os humanos neurokes prestes a se rebelar da opressão vedalkeana.
"Ela está aqui. A escolhida. A garota élfica. Traga-a."
Finalmente, Memnarca enviou Malil para ajudar Pontifex, o novo líder do regime vedalkeano, que ficou encarregado de caçar a garota. Muitas vezes, Malil organizou expedições para capturar a elfa e seus companheiros, somente para ver suas forças niveladoras serem dizimadas pela magia destrutiva dela. Nas profundezas da lacuna azul, Malil teve toda sua armada niveladora destruída e foi forçado a retornar para Panóptica em busca de mais tropas. Em uma experiência para observar os efeitos do soro no constructo, Memnarca forneceu o líquido a Mail, aumentando consideravelmente a crueldade e frieza do homem de metal. Malil retornou para Panóptica muitas vezes depois disso, cada vez saindo com mais soro e niveladores.

Memnarca logo viu que Malil não obteve sucesso. Em Mephidross, Malil e Pontifex capturaram a elfa, mas a perderam em uma disputa para determinar quem a entregaria para o Guardião. De qualquer forma, o guardião esperou pacientemente, sabendo que em breve Glissa viria até ele por vontade própria. Ele estava certo. Momentos após a vitória na batalha em Dross, Glissa estava a caminho do interior. Memnarca enviou Malil à Panóptica e ansiosamente esperou sua recompensa.
Convicta o suficiente, Glissa veio - com reforços. Um goblin imundo, um golem enferrujado e um gigante que parecia feito de plasma azul encontrado ao seu lado, pronto para defendê-la em caso de perigo. Eles não teriam chance contra as máquinas assassinas de Memnarca. Depois de um rápido confronto, Memnarca encurralou seus adversários. Seria apenas uma questão de tempo até que a quinta lua de Mirrodin eclodisse do núcleo de mana e Memnarca ascendesse a planinauta. Mas Memnarca cometeu um erro. Na sua ânsia em capturar Glissa, Memnarca ignorou seus aliados. Breve, Memnarca estava sendo atacado pelo gigante de plasma. Mas Memnarca era o guardião de Mirrodin. Ele trouxe vida a um lugar morto. Ele construi artefatos sobre os quais outros artíficies nunca sonhariam. Era óbvio que o guardião tinha um plano reserva para deter o tolo aliado de Glissa.

"Vocês acham que não há um Deus aqui, Glissa. Talvez isso mude sua maneira de pensar!"
Com uma onda de suas mãos, Memnarca ganhou o controle sobre o Titan de plasma. Em apenas um movimento, o guardião tirou de Glissa o seu mais poderoso recurso. Ele encurralou a elfa. Não há nenhum lugar por onde se possa fugir. Mas de alguma forma, Glissa organizou uma fuga. Enquanto a elfa e o goblin escapavam, o golem de ferro se auto-sacrificou para deter o plasma do titan que agora os atacava. Furioso, Memnarca mandou o titan atrás de Glissa enquanto ele e Malil assistiam o desdobrar dos eventos sob o abrigo do Olho de Aço Negro.
Restavam apenas alguns minutos até a erupção da lua verde para os céus de Mirrodin e Memnarca ainda não tinha capturado a evasiva garota élfica. Mas para o guardião, o tempo acabou. A bola de pura mana verde eclodiu para fora do núcleo, consumindo completamente Panóptica no ardor do processo. O Olho de Aço Negro protegeu o guardião e seu servo, mas naqueles segundos decisivos o plano de Memnarca foi arruinado. Todavia, a eclosão da lua verde frustrou apenas uma das muitas maquinações de Memnarca. Ele tinha muitas outras.
"Venha, Malil. Nós temos realmente muito trabalho pela frente."

Enquanto o guardião focava sua atenção na captura de Glissa durante algumas semanas, uma nova crise tomava lugar na fortaleza vedalkeana de Lumengrid. Os humanos neurokes, enfurecidos por séculos de perseguição e escravidão que eles sofreram pelos vedalkeanos, se revoltavam. A rebelião neuroke era uma ameaça aos planos de Memnarca. Desta forma, ele levou adiante a solução que encontrou para o problema neuroke. Eles precisavam ser erradicados.
Sob as ordens de Memnarca, niveladores e soldados vedalkeanos invadiram a aldeia neuroke de Medev e dizimaram sua população. Os operários de Lumengrid sofreram um destino pior. Em minutos, a rebelião neuroke foi oprimida e sua raça extinta. Agora, os planos de Memnarca finalmente poderiam ser levados adiante sem intervenção. A primeira parte deste plano consistia em manter Glissa viva. Depois da fuga de Glissa do interior, ela foi capturada pelos seus companheiros elfos, os quais disseram que ela foi a responsável pela morte de seus pais. Memnarca enviou um arrebatador corporal chamado Vektro para intervir. Com este serviço encaminhado, Memnarca começou a mudar os vedalkeanos com sua mágica, transformando-os em suas inconseqüentes máquinas de matar.
Horas depois de enviar Vektro para a superfície, Memnarca tinha Slobad, o companheiro goblin de Glissa, sob seu controle. Parecia que suas tropas vedalkeanas capturaram Glissa, mas a perderam durante a reconstrução de Panóptica. Isto pouco importava para Memnarca, assim como todo o resto. Slobad iria construir o instrumento que possibilitaria ao guardião ascender à planinauta. O goblin guiaria Glissa para ele.

"Eles pensam que podem resistir a nós, meu criador. Eles têm muito a aprender. Malil irá mostrar a eles o erro inevitável de sua resistência."
Desta forma, Memnarca deu início ao seu mais novo plano. Geth, o líder de Mephidross, seria substituído por um boneco legislador, leal ao guardião. O boneco seria o portador do Miracore, um artefato que pode controlar constructos e morto-vivos da mesma forma. O boneco apanharia Glissa e preservaria sua centelha. Entretanto, os vedalkeanos continuariam com a produção do soro e Vektro continuaria na superfície. Memnarca iria hibernar, para livrar-se da própria carne, que ele acreditava impedí-lo de se tornar planinauta. No quinto ano de hibernação, as cinco luas convergeriam sobre Mirrodin e o guardião seria acordado. O plano era brilhante porque Memnarca não correria nenhum risco. Ele criou legiões de constructos e muitas cópias de Malil para manter a superfície ocupada.
O plano funcionava. Por cinco anos Memnarca hibernou enquanto o sedado Slobad trabalhava na construção da teia de ascensão do Memnarca, um poderoso artefato que poderia transferir a centelha planinauta entre a destruição das almas. A fonte destas almas se daria através das armadilhas de almas. Finalmente, o dia chegou. Quando as cinco luas ergueram-se sobre Mirrodin em um evento conhecido como a quinta aurora, Memnarca saiu do seu casulo, revitalizado e livre da carne. Vektro ajoelhou-se perante seu mestre, prostrado e inútil como nenhum outro constructo de Mirrodin. Memnarca o destruiu por ter falhado na obediência das ordens e então agarrou o Miracore que pendia do pescoço do corpo de Vektro.

"Isto foi útil, Karn, porém a última idéia. A criação de uma mente maculada."

Com o Miracore em uma mão e Glissa aprisionada na outra, Memnarca pensou que era o vitorioso. Com os últimos habitantes da superfície lutando uma batalha perdida contra suas hordas de artefatos, não haveria resistência contra Memnarca, o planinauta. Ele fabricaria seu novo corpo como desejaria, um design perfeito para um planinauta perfeito. Logo, Mirrodin seria algo do passado.
"Eles pensaram que Memnarca era um tolo. Pensaram que eu não podia ouvir. Eu terei a centelha, o poder e um novo e puro mundo para construir! Antes, eu era uma criança brincando avidamente com a espada de seu pai através de uma ignorância límpida. Karn, eu permiti a carne neste mundo fora do núcleo, achando que eu poderia mudá-la. Agora nós acabamos, você e eu somos iguais."
Somente duas coisas permaneciam no caminho da completa vitória de Memnarca - a fétida e podre cabeça de Geth e milhares de operários constructos produtos da mente de Slobad. Juntos, eles atrasaram o tempo para Glissa libertar-se. Isto não deveria acontecer. Memnarca assistia impotente enquanto seu plano arruinava-se perante ele. Memnarca e Glissa lutaram uma batalha final no topo dos discos que pendiam alguns metros sobre o cauterizante núcleo de mana. Desta forma, Glissa prevaleceu e Memnarca despencou na fornalha de mana de Mirrodin, somente para voltar à sua forma original - o Mirari.

"Ele foi muitas coisas. Um explorador, um acadêmico, um visionário, e em algum momento, um amigo."

"Ele não foi um planinauta, não como gostaria de ser, a despeito de sua ambição. Mas sua fé era maior do que qualquer coisa que eu pudesse imaginar. No meu desejo de criar alguém como eu, concedi a ele poder demais. Um grande... erro. Um de muitos."

- Karn, planinauta.

Um comentário:

Anônimo disse...

esssa hiostoria é muito foda caras parabens pelo trabalho bem sucedido